Continuação...

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
 

O teu me chamará para fora da toca, como se 
fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos 
de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil
. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. 
E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. 
Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. 
O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. 
E eu amarei o barulho do vento no trigo...
A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:
- Por favor... cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o principezinho, mas 
eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a 
descobrir e muitas coisas a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse 
a raposa. Os homens não têm mais tempo de 
conhecer alguma coisa. Compram tudo 
prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas 
amigos, os homens não têm mais amigos.
Se tu queres um amigo, cativa-me!
- Que é preciso fazer? perguntou o principezinho.
- É preciso ser paciente, respondeu a raposa. 
Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, 
na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu 
não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. 
Mas, cada dia, te sentarás mais perto...
No dia seguinte o principezinho voltou.
- Teria sido melhor voltares à mesma hora, 
disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro 
da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. 
Quanto mais a hora for chegando, mais eu me 
sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei 
inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! 
Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei 
a hora de preparar o coração... É preciso ritos.
- Que é um rito? perguntou o principezinho.
- É uma coisa muito esquecida também, disse a raposa. 
É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias; 
uma hora, das outras horas. Os meus caçadores, por 
exemplo, possuem um rito. Dançam na quinta-feira 
com as moças da aldeia. A quinta-feira então é o 
dia maravilhoso! Vou passear até a vinha. Se os 
caçadores dançassem qualquer dia, os dias seriam
todos iguais, e eu não teria férias!

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