Poesia - Nostalgia...

segunda-feira, 15 de março de 2010
Ao abrir os olhos da consciência,
Ao sair do meu sono-profundo,
Ao rejuvenescer as frias carnes do meu corpo,
Senti-me surpreso, dilacerado, imundo.

Ao ver de cima os restos de minha história,
Ao remexer os escombros das lembranças,
Eu chorava os meus cacos quebrados,
Eu recordava dos tempos de criança.

Naqueles tempos de sonhos vivos,
Naqueles dias em que ousava ousar,
Eu tinha vida, eu tinha brio,
Eu não ficava a lamentar.

Eu amava o sol e alegrava a chuva,
Ria de mim,  de coisas absurdas,
Eu chorava, eu gritava,
Eu rolava pelo chão.

Eu tinha medo,
Eu era frágil,
Mas, mesmo assim,
Não sabia ouvir não.

Hoje, governado, possuído,
Sou vencido pelo “não”,
Sou escravo de mim mesmo,
Já nem piso no chão.

Que saudades, que angústia,
De um tempo que não volta,
Chora triste o coração,
Desse velho frustrado.

Ao contrário, faz o tempo,
Me atropela pela porta,
Me amarra o corpo,
Tolhe-me a alma,
Faz-me de mim, jovem-velho,
Um escravo-livre, um vivo-morto.

Autor: Paulo André dos Santos.

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