- Tenso...

Nunca achei que a saudade pudesse doer tanto como dói no momento. É só que dilacerava a cada dia um pouquinho, e agora, existe um rombo, um buraco, um novo buraco, é claro, para complementar os outros. Ser um pedaço de queijo suíço nunca me incomodou tanto como agora. Pelo menos, antes, eu me via cercada de pessoas alegres, verdadeiras, amigas, companheiras, pessoas que me amavam sempre, nas encrencas, brigas, loucuras... Por hora me vejo num planeta solitário, as vezes aquele que afirma me amar aparece, e some, logo depois.

Fico aqui, só demais. Passo os dias, noites, horas pensando em como estão todos na escola. Se a Alana ainda está com o Ramon, se Wellington ainda está trabalhando e se arrumou sua alma gêmea, se Izabela e Enock estão juntos de novo, se Thaís e Igor estão felizes, se Rodrigo ainda tem Bárbara como sua princesa, se ele continua a desenhar. Se o Lipe toca violão todas as semanas, se todos se reúnem ainda para cantar. Se Talita continua palhaça, feliz, se ela está mesmo estudando, se ela lembra de mim. Será que Amanda está normal? Espero que não, ela é ótima louca. Meu Quarteto Fantástico! Quanta falta me fazem. Me sinto tão só, tão sem ninguém. Meus pais viajaram e sumiram. Aqui não tenho amigos, ninguém gosta de mim. Quem se aproxima um pouco é por falsidade. Todo mundo odeia a aluna nova. Todo mundo odeia a moradora nova. É incrível ser odiada, desprezada, e ninguém nem faz questão de fingir o desprezo. Falam de mim em voz alta no meu ouvido, me martelam, jogam bolinhas de papel. Me olham o tempo todo sem pudor. Esperam que eu caia, que eu erre para me vaiarem e jogarem pedras.

Hoje desmoronei, só hoje comecei me dar conta da dor, da saudade, da falta terrível que todos me fazem. Ele não percebe minha dor. Acha que minha carência excessiva é implicância. É só que estou mais só do que nunca. Não tenho amigos para conversar, nem família, nem meus pais. É ninguém e mais ninguém. Perdida demais, atônita demais. Até hoje eu não sabia o que era berrar de saudades, gritar de saudades, chorar, chorar por horas de novo...

A escola. As mesas, a porta, o corredor, o banheiro, o intervalo, o violão, os amigos, minha turma, a cantina, a melhor coxinha de catupiry que já comi na vida, o ventilador, o ar condicionado, a Biblioteca, os livros, o computador, a sala de informática, a quadra, o auditório, o multmaills, as apostilas, as aulas, meus professores que não são mais meus. Será que Ricardo está bem? Fabiana continua irônica? Delia ainda é fechada? Rosi ainda é malvada? Daniel continua o engraçadinho? Nádia continua Nádia? Versinho ainda me odeia? Cida passa slides ainda? Diego dá aulas do mesmo jeito? Kênia continua trabalhando encima de apostilas horríveis? Yolanda permanece com ótimas aulas? Eu os vejo, vejo a tudo, na minha cabeça, como um filme em câmera lenta, e eu não estou no filme, infelizmente, eu morri, desapareci quase no final, infelizmente. Perdi o momento dos créditos...

Queria saber se voltaram a fazer brigadeiros para arrecadar dinheiro para a formatura, está quase lá, falta pouco tempo. Antes era a nossa formatura, agora, é a formatura deles. Será que vão mesmo fazer a festa? Como andam os preparativos? Estão todos pagando 20,00 por mês? Duvido muito. Orleans continua meio político? Amanda ainda tem fascínio na bunda de Gabriel Guedes? Jack permanece gostoso e ainda tem uma banana como chaveiro? A galera parou de matar aulas? Continuam sendo expulsos da sala 10 alunos todos os dias? O pessoal resolveu estudar? Ou será que estão todos na mesma ‘’maresia’’?

Ouvindo mulher de fases. Nunca achei que essa música fosse me fazer chorar. É ridículo. É nossa música... A gente cantava sempre, era tão bom, tão feliz. Scar Tissue também me faz mal.Viva la vida me lembra Felipe. The only exception me faz mal, me lembra meu canibal (até rimou). Nickelback me faz mal. Tudo me lembra a todos. Acho que vou cair nas daqui, no brega, no sertanejo, pelo menos não me faz lembrar muitas coisas que as vezes preferiria esquecer... Cansei... Fui!

Natália Vieira Costa (06/08/2010)