Chuva!

25/07/2011 ... Falei tudo. Só existe uma parte ruim com toda essa chuva, a casa dos meus pais se torna inacessível... Tenho passado os últimos dias por lá, tardes tranqüilas, regadas à priguicinha e guloseimas feitas por mom and dad... É muito complicado mesmo, a estrada foi patrolada essa semana, e a água caiu, logo, nada passa por lá... Só mesmo andando... Só que encarar uns 8 km de lama até o joelho não gera não, fico com o lar doce lar, cama doce cama, fogão bom fogão, geladeira boa geladeira... Gatos, amados gatos...
Sim... eu e meus bichanos já nos entendemos até bem... Aprenderam que é inteligente rodar meus pés na hora do almoço, ganhando assim, petiscos, afinal, não resisto... Deitam sempre coladinhos na minha barriga ou pescoço, a gente se aquece bem... Temos grande diferença... Eu gosto muito de água, e fria... Isso, é intolerável aos peludinhos de língua áspera...
Por passar somente as manhãs em casa, não apareço na Lan, que só abre na parte da tarde... Fui lá agora (14:15), mas está cheia, e com fila, aguardo desistência para ser encaixada...
De manhã fiz o que a muito não fazia, até por que, a ausência de chuva estava constante... Corri para o meu detestado quintal e me sentei, e deixei molhar, amo essa sensação... Chuva, o céu cinza escuro, trovões, silêncio total nas ruas, só o barulho da água caindo em diversos locais... sentir o coração acelerar, um frio bom, o cheiro da terra, o mato molhado, cabelo pingando, a roupa pesada e colada no corpo.
Poderia ser melhor sim, se eu estivesse no meu refúgio, a uns 8k daqui... Tem tanto tempo, mais de um ano que não faço o que amava fazer... Quando estava lá nas férias, a chuva começava, eu corria de casa, com meu pai me xingando é claro... Ir pro rio, andando na margem, vendo a água subir aos poucos, e, depois bem rápido... ver o rio encher na minha frente, olhar pra mata na frente e imaginar o que acontecia por lá... Ter vontade de cair na água, mas, não fazê-lo, por pura sensatez... Não jogaria minha vida fora assim, com a correnteza eu me afogaria, seria levada no mínimo... eu não me atrevia a entrar na água com o rio cheio daquele jeito...
Sempre sozinha por lá, sem tecnologia alguma, sem pessoas irritantes, nada de barulho, somente eu e meus pais, isolados naquele lugarzinho pacato e perfeito... Nem veículos passavam por lá, não é a toa que chamo o local de fim de mundo... A estrada acaba lá, é o fim da linha, de lá não se chega a local nenhum, logo, nenhuma moto ou carro cruza a propriedade, a não ser que, aquele seja o destino... Por mim na cancela de entrada eu teria escrito FIM DE MUNDO... Só que, meu pai colocou o nome da propriedade de : SOL NASCENTE... É possível ver o sol nascer, aparecer por entre as montanhas e vales... E quando chove dá vontade de voar, dá pra sonhar, é excitante, como um efeito de um alucinógeno... Meu refúgio...

Natália Vieira Costa