Seria bondade do Dêmo...

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013





E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: "Esta vida, assim como tu a vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes; e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indizivelmente pequeno e de grande em tua vida há de retornar, e tudo na mesma ordem e seqüência - e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio.
A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez - e tu com ela, poeirinha da poeira!" -

Não te lançarias ao chão e rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasse assim? Ou viveste alguma vez um instante descomunal, em que responderias: "Tu és um deus, e nunca ouvi nada mais divino!" Se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse; a pergunta, diante de tudo e de cada coisa:


"Quero isto ainda uma vez e ainda inúmeras vezes?"


Pesaria como o mais pesado dos pesos sobre teu agir! Ou então, como terias de ficar de bem contigo mesmo e com a vida, para não desejar nada mais do que essa última, eterna confirmação e chancela?

Nietzche

Comentário: Se um tal demônio fizesse mesmo isso, seria 'perfeito'. Na verdade, seria coisa de anjo, isso sim. É uma oportunidade explêndida que seria dada por tal ser, que nos permitiria ver as coisas com outros olhos, repassar nossa vida como num filme, e poder pensar: _ é isso mesmo? quero tudo isso de novo? verei o mesmo filme pra sempre? esse é o roteiro que escolhi? Então, poderíamos mudar a parte que nos resta de nossa existência a fim de tornar a eternidade de viver tal vida mais agradável, e menos entediante.. Oh! Sim! Creio que tal acontecimento mudaria muito as coisas. Divino mesmo, divino e não demoníaco. Divino se o futuro puder ser mudado e vivido. Demoníaco, se fosse seu fim, se não desse mais tempo de 'corrigir', viver de verdade, sem culpa, sem medo...

Natália Vieira Costa

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