Poesia conto: Madrugada...

quinta-feira, 18 de março de 2010

 
 
Madrugada, acordo em meu
leito solitário
 
e a grandeza da tua ausência
 
me faz sonhar acordado.
 
Nessa vigília se envolvem
todos meus sentidos
 
e consigo ver-te ao meu lado
 
e cheirar teu perfume de
maçã verde
 
e ouvir teu gemido felino
 
e sentir o calor dos teus seios
 
e saber da umidade que me guardas. 
 
Deixo-me ficar, quieto
 
na atitude da caça passiva
que sabe
 
não poder resistir ao caçador.
 
Vens senhora, soberana,
 
dona de meu corpo e de meus sentidos
 
e derramas teus beijos sobre
meu corpo.
 
Tua língua alegre como um
colibri
 
passeia em minha pele
 
em pequenos toques,
 
benditos toques.
 
Teus dentes marcam minha
carne
 
trazendo uma dor pequena
diante do prazer.
 
Tens os lábios em eterno
movimento
 
como um peixe de mim se alimentando.
 
Sinto febre de desejo, meu
corpo queima.
 
Minha lança reverencia tua
realeza
 
e se estica, enrijece, lateja.
 
A boca ávida, como animal
faminto, ataca, devora,
 
engole e regurgita para
engolir de novo.
 
Os dentes arranham
 
e a mão aperta numa
tortura deliciosa.
 
A língua chicoteia a glande
 
e penetra no pequeno orifício
 
de onde verte o mel do desejo.
 
Me transportas ao Olimpo,
 
sou um dos deuses,
 
o mais amado,
 
o mais feliz.
 
E surges como ágil amazonas
 
montada sobre minha lança
 
cavalgando em trote acelerado.
 
O movimento estimulante
faz mais sangue fluir
 
e o membro engrossa
pulsando mais forte.
 
A amazonas faz diabruras na
sela:
 
mexe, volteia, rebola
e no trote sobe e desce
 
cada vez mais rápida.
 
Inclina-se e beija minha boca,
 
morde meus lábios, suga,
 
enrosca sua língua na minha
em pleno galope.
 
De repente o trote se
transforma
em frenético galope,
 
as almofadas que me
acomodam
parecem se estreitar,
 
apertam, mordem, sugam.
 
Seu ronronar felino se
transforma
num gemido alto e agoniado,
 
suas unhas se cravam em minha carne
 
e pressinto sua explosão,
 
a pequena morte.
 
Enquanto reúno as forças
 
em torno de minha lança
para o gozo final,
 
enquanto ajunto tudo
para inundar seu ventre
 
começam seus espasmos, seu
gozo a flux,
 
estremece, grita, arranha
 
e deixa-se enterrar
profundamente
 
na lança rombuda e grossa.
 
Segue numa seqüência
maravilhosa de gozos
 
enquanto meu amor
convertido em leite
 
esta prestes a jorrar.
 
Sinto a sua presença,
 
nada mais poderá rete-lo,
 
vem com toda força do
mundo,
 
imbatível e vencedor
 
explode, ejacula, esguicha
 
dentro do ventre amado.
 
Inunda, em jatos quentes,
 
e mistura-se ao seu desaguar.
 
São dois rios de amor
encontrando-se
 
e fluindo.
 
São dois rios, dois gritos,
dois gozos
 
num só amor, numa só paixão.
 
E te deixas cair sobre meu peito
ainda penetrada,
 
ainda me tendo dentro de ti,
 
a cabeça sobre meu peito,
 
beijo teus cabelos próximos
aos meus lábios,
 
acaricio tuas costas,
 
seguro tua mão
 
e deixamo-nos ficar
 
entregues a esse intervalo
gostoso
 
entre o gozo e o adormecer.

Leo

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