Queimar o passado...

quinta-feira, 21 de novembro de 2013





Já nos disseram tantas humilhações,  de sentir pulsar dolorosamente a cabeça, porque a mesma, queria ficar baixa, ao chão, de tanta vergonha... Foram tantos socos e pontapés, de fazer doer os ossos... Já nos ignoraram tanto, de apertar o coração e querer deixar de existir... Palavras tão rudes e desnecessárias, de nos fazer morrer aos poucos, dia após dia... Dilacerada está nossa alma há tempos, mas, ninguém percebe... Nos puxaram pelos cabelos, arrancando violentamente nossas roupas, nossa frágil nudez exposta, forçando-nos a permanecer de olhos abertos, só para não haver dúvida de que perdemos o controle... Então, sangraram nossas feridas, que ainda estavam úmidas, e jorraram dor e sofrimento sem fim, e, nossos sonhos se apagaram... Nos tiraram tudo que existia, toda a felicidade, inocência e fé... 

...

Mas, por fim, nos esgotamos... Todos se tocam dia ou outro... Cansamos de amar o desdém, de por em pedestal a ruindade, de nos dar por inteiro sem haver reciprocidade, de nos lamentarmos frente às gargalhadas, de sermos piada de circo, cansamos de ser vistos como um drama em peça de teatro, porque não existe teatro, é só a vida, que de tão sofrida, vira peça (me pregaram alguma? já é hora do espetáculo acabar!), também cansamos de venerar e de fazer cortejo ao desinteresse e à indiferença, pois, não merecem de nós, sequer a lembrança...  Nos espancaram no rosto, falaram que éramos algo que não eramos, nem nunca o fomos, nos deixaram no inferno com tantas péssimas energias que nos lançavam, profetizaram palavras falsas e maldosas, mas, que por mais que resistíssemos, traziam o temor...  Já nos cansamos de nos embelezar somente para o espelho e olhares alheios, cansamos de abraçar o ar, de sentir o peso do nada, de vomitar melancolias e nos desfazer em piedade... 

...

Já perdemos momentos bons, a esperança se foi a tempo, já recebemos inúmeros castigos, os físicos e os mentais, ferimos nossa carne e atolamos nossa mente de merda, temos tantas noites mal dormidas, repletas de pesadelos, só queremos é sonhar coisas boas (ainda existem?!)... Cansamos de tanta culpa, cansamos de aceitar, cansamos de sempre ceder, cansamos de sofrer, de sentir dor, cansamos de pedir, falar, pedir, e nunca sermos ouvidos, cansamos de ser, de existir, porque, às vezes, infelizmente, até nossa existência cansa... Vazio demais, muito vazio, o frio da alma, que nos congela de dentro pra fora, mas não queremos deixar chegar ao coração, para que tudo não se acabe em indiferença plena, e sejamos iguais a tudo que nos rasgou... Ainda desejamos ser bons, ter esperança, acreditar que um recomeço é possível, mas, dessa vez por cima, só apreciando o medo, que não é mais pertencente ao nosso ser...

Incensos queimam nosso martírio passado e espalham a essência da liberdade no espaço-tempo dos abusadores...


Natália Vieira Costa


2 comentários:

  1. Anônimo disse...:

    A liberdade se conquista pela batalha
    escalando a montanha da miséria e perfurando a cavalaria inimiga
    lutamos a favor do nada,pois somente em caos controle podemos controlar e sobreviver em um reino chamado viva em dor ou dor em vida... Soturnal Selebrato Macbeth Insanus Herectus

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